quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

(neo)liberalismo e democracia : uma crítica breve.

Ao buscar as razões pelas quais o capitalismo se consolidara no ocidente como sistema econômico, Max Weber aponta para a ética (ou o ethos) protestante como a mais relevante ou decisiva condição cultural para que as tendências ao investimento e a acumulação se tornassem uma atividade institucionalizada, metódica, racionalizada e diversificada, com vistas ao futuro. É que Weber havia identificado uma coerência estrutural suficiente entre o fenômeno religioso do protestantismo e um modus econômico - o capitalismo. Um outro estudo metodologicamente semelhante deste mesmo pensador foi sobre a evolução do processo burocrático - como forma de racionalização de meios de administração (da gerência de rebanhos e artesanatos, às complexas ferramentas SAP contemporâneas) - ao desenvolvimento do estado patrimonialista; também uma análise histórica.
Se seguirmos este viés de análise, acreditamos poder identificar uma grande afinidade entre os valores da democracia contemporânea e os princípios históricos do liberalismo econômico (discursos, ambos): auto-determinação, liberdade de iniciativa, igualdade, direito à propriedade etc. - ver CF. art.1 ao 5º, p.e.. esta coerência pode muito bem ter sido forjada "conscientemente" pelas elites político-econômicas ou, talvez, democracia e (neo)liberalismo (leia-se capitalismo) sejam, hoje, uma mesma coisa. Mas em que isto nos importa? Acredito que se entendermos que o regime democrático atual de modo algum se sustenta sem sua contrapartida econômica podemos também desconstruir o discurso dominante na geo-política dos conflitos internacionais atuais, onde potências ocidentais apresentam o regime democrático como uma panacéia capaz de resolver todos os males sociais e tornar os indivíduos libertos das guarras de governos totalitários. "Liberdade" e "auto-determinação política" são os pontos chaves deste discurso que, se alcança êxito quando posto em prática, constrói, para os "donos do poder", no mínimo, mais um mercado consumidor.

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